Essa é a história da sua vida

Pode parecer estranho, alguém que você nem conhece dizendo que vai contar a história da sua vida. Vamos fazer um trato? Se você ler até o final e me disser que o que estou a ponto de dizer nunca aconteceu contigo, então eu fico te devendo um café. Pode ser?

Uma parte da história da sua vida e também da vida da maioria da população brasileira, gira em torno de um grande problema: nós não conseguimos ser sinceros quanto àquilo que sentimos.

Na boa, quantas vezes você já deixou de falar a verdade para alguém, pois acreditou que aquilo ia ferir os sentimentos da pessoa? Quantas vezes fez algo que não queria fazer, aceitou um convite que não queria ter aceitado, apenas porque tinha medo do que a pessoa poderia, possivelmente, pensar de você? Eu posso dizer por mim: diversas!

Você já assistiu à trilogia de filmes ‘Divergente’? Para aqueles que ainda não assistiram, o filme fala sobre uma sociedade que vive em facções: Amizade, Audácia, Erudição, Franqueza, e Abnegação, cada uma delas com características marcantes e necessárias para que você possa viver ali dentro. Você nasce em uma facção, e quando atinge os 18 anos (se não me engano), você faz um teste que diz a qual facção você mais se encaixa, mas mesmo assim você tem liberdade de escolher em qual delas você gostaria de passar o resto da sua vida, e caso escolha uma diferente da que nasceu, passará o resto da vida longe da família e terá até mesmo que mudar de nome.

A grande trama do filme são aqueles que fazem o teste e não pertencem a nenhuma facção, os chamados de Divergentes, considerados ‘falhas’ pelo sistema controlador e,  portanto, devem ser exterminados. Mas aqui eu só estou querendo te deixar curioso, deixa eu voltar ao meu raciocínio e o motivo pelo qual citei o filme, Abnegação. Como o próprio nome diz, pertence à facção que sempre abdica de si próprio para poder ajudar o outro. A facção que nunca se coloca à frente de ninguém, e adivinha só? É a facção pobre, a facção coitadinha e que nunca chega a lugar nenhum, senão a exata vidinha em que nasceu.

Quantos de nós temos vivido uma vida de abnegação? Quando foi a última vez que você falou não para alguém? Quando foi a última vez que recusou algo que realmente não queria fazer, mesmo que aquilo pudesse parecer rude? Quando foi a última vez que você fez algo POR VOCÊ?

Me lembro muito bem, quando era pequeno, estava todo empolgado para comprar um tênis novo e poder usá-lo, pois já tinha dado a hora de um outro que vinha usando há tempos. Quando chegamos na loja, um vendedor super cativante nos atendeu, e depois de um tempo de conversa ele me disse, muito sorridente, que traria um modelo o qual eu ia me apaixonar. Quando experimentei o tênis que ele trouxe, eu não gostei. Com certeza preferiria outro, mas adivinha o que eu disse quando me perguntaram o que tinha achado? ‘Gostei, ficou legal’. Eu fiz a minha mãe comprar um tênis para mim, que durante muito tempo o usei sem nem mesmo ter gostado, simplesmente porque não tive coragem de falar na frente do vendedor que eu não tinha gostado daquele modelo.

Nós nascemos e fomos criados de uma forma em que temos sempre que compartilhar tudo com todo mundo, que se não oferecermos um pedaço do que estamos comendo, é falta de educação, que se tem apenas um pedaço da pizza sobrando, muitas vezes ela vai para o lixo, pois ninguém quer ser aquele ‘egoísta’ que pegou o último pedaço.

Hoje eu sempre sou o que pega o último salgadinho da caixa, o que toma o último gole da garrafa d’água ou o que usa uma segunda oportunidade quando ninguém quer. Eu me dou o meu valor, é claro que não passo por cima das pessoas, mas poxa, todo mundo comeu salgadinho, eu também, tem um sobrando e eu o vi e comi. O que tem de egoísta nisso? Quer dizer que qualquer um que pegasse o salgadinho por último seria um egoísta? Dá um tempo, né…

Deu para perceber que, um dos grandes fatores que nos leva a abdicarmos de nós mesmos pelos outros é a questão da cultura. E sim, eu posso dizer que é majoritariamente no Brasil.

Aos 17 anos de idade eu tive a incrível oportunidade de fazer um intercâmbio. Conheci pessoas de diversos países, mais do que consigo lembrar, e cada uma dessas pessoas me ensinava algo diferente.

Algo que jamais vou esquecer, foi quando estava na Holanda. Meu ‘host brother’ (irmão da família que me aceitou como estudante) foi comigo e alguns outros brasileiros para uma cidade no norte do país, jogar Laser Tag. Naquele momento, por algum motivo, ele não tinha como pagar, pediu para que eu pagasse para ele e assim que chegássemos em casa, ele me pagaria de volta. Por mim, não havia problema nenhum, então o fiz. Quando retornamos a casa, logo que entramos ele pediu dinheiro para a mãe e veio me pagar. Eu, como um bom brasileiro disse que não precisava, que estava tudo bem, afinal eles me receberam e tudo o mais, seria apenas um pequeno gesto. Eu realmente não me importei de pagar aquilo para ele, mas eu imaginei que ele insistiria mais um pouco em querer me pagar, pois é assim que funciona na minha cultura. Adivinha o que aconteceu? Assim que falei que não precisava do dinheiro, ele olhou para a mãe buscando por uma aprovação e ela disse ‘bom, então apenas agradeça e pronto’. Apesar de ela ter falado em holandês, eu pude entender um pouco, e entendi por completo quando ele virou para mim, disse ‘thank you’ e saiu de perto. 

Mas a cultura não é o único motivo. A segunda grande causa disso, para mim, é o medo. Nós temos medo de mostrar nossas reais intenções e ferir os sentimentos das pessoas. E vamos encarar a realidade como adultos, é verdade, dependendo da situação, você pode ferir os sentimentos de alguém. Mas você realmente prefere ferir os seus próprios sentimentos e deixar alguém feliz do que o contrário? Será que aquela pessoa também estaria disposta a ferir os sentimentos dela para deixar você um pouco feliz?

Em outras palavras, será que vale a pena usar um tênis que não gostou por anos, simplesmente pelo medo de achar que o vendedor ficaria chateado (e que ainda pagou por isso)?

Temos que ter medo de não sermos felizes. Temos que ter medo de não vivermos a vida que realmente queremos viver, e sim uma vida em que os outros esperam de nós. Temos que ter medo de não sermos sinceros.

Uma última grande causa que eu poderia citar, é a falta de percepção de valor que temos de nós mesmos. Não nos consideramos ‘valiosos’ o suficiente para dizer a verdade, mesmo que vá contra o que a pessoa espera de você.

O que não pode ser confundido aqui é com o servir. Por exemplo, em um relacionamento, muitas vezes temos sim que abdicar de algo para agradar ao nosso parceiro, não dá para pensar em nós mesmos o tempo todo sem se importar com o outro. No sexo, principalmente.

Não estou dizendo para sermos extremistas. O que eu quero dizer é que não dá para vivermos uma vida sempre baseados em abnegação, sempre em fazer pelo outro, sempre em querer que o outro pense algo bom de você.

A grande verdade é que, se você é o tipo de pessoa que faz de tudo pelos outros e não por si, você é, então, o maior egoísta que existe. Pois você não faz, simplesmente pelo ato de querer fazer, mas porque espera dessa pessoa um reconhecimento, seja dizendo o quão legal e prestativo você é ou que pense isso. Percebe como no fim, você faz apenas para sustentar uma imagem de si perante a visão dos outros? O que você não percebe, é que não é essa imagem que você quer ter. Não é.

Nós queremos ser vistos como o fulano(a) que conquistou tudo o que sempre sonhou, que viaja para todos os cantos com o parceiro, que fala outros idiomas, que faz muito dinheiro, que comprou uma casa ou carro dos sonhos. É essa imagem que você quer, mas te falta perceber o valor próprio. Te falta perceber que você merece tudo isso, e enquanto você não se enxergar como merecedor, vai sempre viver essa vida que os outros querem que você viva.

E enquanto você vive essa vida que não quer e apenas sonha com uma vida melhor, diversas consequências crescem dentro de você, cada vez que se coloca como segunda ou terceira opção, e a primeira delas é a incapacidade.

Ficamos cada vez mais propícios a fazer o que os outros querem e nos tornamos incapazes de atingir nossos objetivos. Como você vai trabalhar com o que você quer, se seu pai quer que você seja sempre um advogado? Como você vai ser feliz se sua mãe quer que você seja médico e você não gosta de estudar? Como você vai fazer a quantidade de dinheiro que sempre quis, se seus familiares dizem que seu lugar é numa vidinha simples?

Você precisa se posicionar, pois cada vez que alimenta essas limitações, você se torna cada vez mais incapaz.

Somado a isso, ainda nos tornamos cada vez mais dependentes. Dependentes, principalmente, do reconhecimento das pessoas, o que faz ficar cada vez mais difícil amar a nós mesmos. Precisamos sempre de alguém falando ‘ooh, como você é legal, como você é bom, como é prestativo, ooh!’ e isso é péssimo, pois quando entramos na jornada do nosso sonho, o contrário vai acontecer. Pessoas vão tentar te puxar pra baixo, te limitar, te insultar. Para alguém dependente de elogios, fica muito mais difícil alcançar esses objetivos (mas não impossível).

E uma outra consequência tão pesada quanto é a insegurança. Nossa opinião deixa de ser forte o suficiente, enquanto não temos o apoio e reconhecimento das pessoas, não conseguimos nos motivar a fazer algo. É aquela sensação que você fala para si mesmo ‘Eu posso, eu consigo, vai dar certo’, mas é como se isso não valesse de nada, entende?

É complicado, eu sei bem, às vezes a gente cai na real, se identifica com muito de tudo isso e sente que não tem para onde ir, mas relaxa, coloque uma coisa na sua cabeça: tudo tem solução, tudo tem uma possibilidade de volta por cima! E a grande solução para isso (já digo, não é fácil e é dolorosa) se chama evolução.

É sempre buscar crescer como pessoa e como ser humano, entender sua importância para si próprio e para os outros. Tudo começa por você entender que você vem em primeiro lugar, é simples, como você quer ajudar a pessoa a subir uma escada que você nem mesmo subiu ainda?

Você quer ajudar os outros? Você tem um propósito vinculado a isso? Ótimo! Eu também tenho! Mas saiba que quanto maior você é, mais pessoas você pode ajudar! Quem ajuda mais, aquele que doa cem reais ou aquele que doa cem mil reais? O grande ponto é que aquele que doa cem mil teve que pensar em si primeiro para chegar ao patamar de poder doar essa quantidade de dinheiro.

Ainda sim, evolução é uma palavra vaga, quero dizer, como eu faço para evoluir? Essa é a grande pergunta. Então vamos a isso!

Planeje, estude, reflita! Essa é a maior dica que eu posso deixar para você, entenda:

‘Se você falha em planejar, você planeja falhar’. Essa é a grande ideia. Sem um plano, você já falhou. Qual é o seu grande sonho? Bacana, mas saiba de uma coisa, sonhos não servem para nada se não fizermos algo para atingi-los. Você deve transformar seus sonhos em objetivos. A próxima pergunta é: o que eu preciso fazer para atingir esse meu objetivo?

Por exemplo: suponhamos que a Bianca venda produtos de maquiagem. Digamos que o grande objetivo dela seja juntar R$ 100.000,00 (cem mil reais) em 3 anos. Para traçar um plano, a Bianca precisa entender quanto de lucro ela tem por produto vendido. Depois disso, ela precisa fazer a conta para saber quantos produtos ela precisa vender, no período de 3 anos, vamos supor que seja 10.000 produtos (exagerando). A Bianca agora sabe que, para atingir o objetivo dela, ela precisa vender 10 mil produtos em 3 anos, 3 mil e 300 produtos em um ano, 275 produtos por mês, 70 por semana e 10 por dia. Assim que ela obtiver essa resposta, basta ela estudar o que ela tem que fazer para conseguir vender 10 (ou mais) produtos por dia. Esse é o plano da Bianca para juntar R$ 100.000,00.

O segundo passo é estudar. Ainda nesse exemplo da Bianca, não sei se você já tentou vender antes, mas é um desafio. Porém, se você estudar e entender como funciona essa arte (pois venda é uma arte), se souber explorar bem as ferramentas de marketing e tudo o mais, você consegue melhorar cada vez mais aquilo que busca! Por isso você precisa de conhecimento, cursos, livros, vídeos que o ajudarão a atingir aquilo que busca!

Por último, reflexão. Você precisa sempre estar disposto a refletir. Se você quer ser uma pessoa melhor, então, no primeiro passo (Planeje), visualize a pessoa que você gostaria de ser. O que ela tem de diferente de você? Como ela se comunica? Como ela se veste? Onde ela frequenta? Quem está por perto dela? Como são essas outras pessoas? Que carro ela dirige? Apenas fazendo uma visualização respondendo todas essas perguntas, você já consegue saber se precisa melhorar sua comunicação, como gostaria de se vestir, com quem gostaria de andar e quanto dinheiro gostaria de fazer por mês. Você tem um objetivo, trace o plano.

Qual seu plano? Bom, se precisa melhorar a comunicação, invista em um curso, ou então em livros. Se precisa fazer mais dinheiro, estude possibilidades para isso. Se gostaria de ter amigos que pensam de outra forma e falem sobre evolução, troque seu círculo de amizades.

Mas não se esqueça de refletir ao longo do caminho: eu continuo me lembrando de onde vim? Eu continuo sendo uma pessoa boa? Eu ainda valorizo quem me valoriza? Pois um grande problema daqueles que evoluem é o ego! Por isso você precisa refletir.

Eu mesmo, logo depois do almoço, pego uma xícara de café, coloco os pés na grama e penso. Apenas penso. Longe do celular e de tudo.

Como eu disse, não é fácil, é desconfortável. Quando você se encontra em uma posição de mudar enquanto seus amigos estão parados, você vai precisar abandoná-los e encontrar novos amigos. Quando sua família não te entende e você quer ter uma vida melhor, você vai precisar engolir o que dizem e seguir com seu plano mesmo sem apoio. Muitas vezes você vai pensar em desistir, mas basta lembrar da vida que está buscando e daquela que está se afastando.

Sinceridade com si próprio é uma virtude. Lembre-se, cada vez que você abdica de si para dar algo a outro, é um passo atrás que você dá, tornando tudo ainda mais difícil, mas cada vez que faz aquilo que quer e se coloca em primeiro lugar, é um passo adiante que se dá para viver a vida que você sempre quis viver, portanto, entenda que, quanto mais cedo você começar, mais prontamente viverá a vida que busca.

Você merece a vida que sempre quis, você merece o topo, você merece dar de melhor para aqueles que estão do seu lado, assim como você merece ajudar as pessoas que REALMENTE quiser ajudar, e não aquelas que só querem se aproveitar de você por ser ‘bonzinho e prestativo’.

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